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Prejuízos com a seca representam 7,36% do PIB do estado, aponta Farsul

Prejuízos com a seca representam 7,36% do PIB do estado, aponta Farsul

No total, foram R$ 36 bilhões em perdas pela estiagem no agronegócio

A estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul não causou prejuízo apenas ao produtor rural, mas impactou em toda economia gaúcha. Levantamento realizado pelo Sistema Farsul aponta que os R$ 36 bilhões de perdas causadas pela seca significam 7,36% do PIB do estado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (22/06) pela Federação em videoconferência com jornalistas.
Os números não são baseados apenas na comparação com os resultados de 2019, mas sobre a projeção de crescimento para 2020, apresentados pela Farsul no final do ano passado. A estimativa era de um aumento de produção que garantiria uma safra recorde que colaboraria num crescimento de 3,14% do PIB gaúcho. Somente em relação à 2019, a retração é de 1,6%.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, comenta que para o agronegócio, os efeitos da seca foram muito mais prejudiciais do que a pandemia do Covid-19. “O agronegócio não teve queda em relação a Covid, na verdade ele nunca parou. Mas, o problema da colheita em virtude da seca trouxe números desabonadores que tiveram impacto negativo na economia do Rio Grande do Sul”, relata.
O resultado só não foi pior porque houve um forte aumento de preços das culturas que registraram perdas, como a soja. Destaque também para o arroz, que teve aumento de produção e preço. Só o cereal foi responsável por reduzir a queda em R$ 2,2 bi. Proporcionalmente, já que a produção vem crescendo ano a ano no estado, o resultado é semelhante as perdas nas secas de 2005 e 2012.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, explica que o resultado não representa apenas um retrocesso em relação a produção do ano passado, “Tínhamos uma expectativa de crescimento para 2020. Não só não vamos ter, como também vamos perder. Esses 7,36% do PIB demonstram, mais uma vez, que temos uma economia altamente interligada entre campo e a cidade. Quando a safra vai bem, a economia como um todo vai bem, por outro lado, quando o agro vai mal, a economia como um todo vai mal”, avalia.
Esse impacto acontece pela relação entre os setores. A perda na safra não significa apenas menos produto ofertado pelo campo, mas também uma redução de investimentos em equipamentos e insumos por parte do produtor. “Não perde apenas a agropecuária, mas indústria e serviços também. É menos dinheiro circulando. Isso demonstra que os governos devem ficar atentos à fragilidade das economias dos municípios que vivem do agro”, destaca Luz.

Valor de referência do leite indica recuperação no RS

Valor de referência do leite indica recuperação no RS

Após queda, projeção é de que preço cresça 8,63%

O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) indicou recuperação no valor de referência do leite em junho. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (23/06), a projeção para o litro considerando os primeiros dez do mês é de R$ 1,3721, 8,63% acima do consolidado de maio (R$ 1,2630). Responsável pelo estudo, o professor da UPF Marco Antônio Montoya informa que a variação percentual reflete a recuperação de parte da queda atípica registrada em função da pandemia de Covid-19. O levantamento também constata que o valor real do litro (descontando a inflação) em junho de 2020 está acima da média histórica para o período.
Montoya explica que a projeção dos primeiros dez dias do mês não espelha exatamente o consolidado, mas indica uma tendência a ser seguida. O presidente do Conseleite, Rodrigo Rizzo, frisa a importância do colegiado, que traz mensalmente dados essenciais para nortear o mercado gaúcho e a relação entre produtores e indústrias. “Trabalhamos com projeções que podem ser confirmadas, ou não, ao final de cada período”.
O vice-presidente do Conseleite e presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, indica que o mercado está incerto, o que vem se refletindo em alta volatilidade nos últimos meses. No entanto, junho vem tendo oscilação menor e uma certa recuperação. “O desempenho do setor lácteo também depende agora da manutenção dos programas sociais do governo e da recuperação da economia”, projeta Guerra. ¬ Um fator positivo verificado em 2020, citou o representante das indústrias, é a redução de importações em função da desvalorização cambial, o que torna os produtos importados (leite em pó) pouco competitivos para internar no Brasil.
O Conseleite vem estudando formas de agregar ao estudo dados relacionados ao custo de produção dos produtores. Uma das possibilidades já encaminhadas é a de utilização de informações compiladas pela Emater a campo. A ideia, explica o presidente Rodrigo Rizzo, é que a instituição de assistência técnica passe a integrar o quadro do Conseleite com cadeira fixa. Atualmente, a Emater participa como convidada e no suporte à Câmara Técnica do colegiado.
O coordenador da Comissão do Leite e Derivados da Farsul, Leonel Fonseca, destaca a importância desse trabalho de levantamento de dados sobre os custos de produção. Ele lembra que além da Emater, Farsul e Fetag também possuem estudos nesse sentido. Para Fonseca, esses levantamentos irão colaborar numa melhor compreensão do funcionamento de toda a cadeia. “As medidas de distanciamento trouxeram novos custos para a indústria. Mas, os produtores tiveram um fator a mais que foi a seca e levará tempo para se recuperar. Os custos aumentaram muito, estamos defasados em relação a isso”, avalia.
O aumento do valor projetado é comemorado juntamente com uma recuperação no consumo, mas, as incertezas em relação ao comportamento futuro do mercado com a pandemia preocupam. “O mercado do leite reagiu. Aumentou consideravelmente. Voltamos aos patamares normais e alguns itens até acima. O grande problema é o amanhã. Estamos vivendo uma grande interrogação. Precisamos aprender a conviver com isso e sobreviver”, avalia Fonseca. “Interessante ressaltar que mesmo com todo o quadro, continuamos produzindo com qualidade”, conclui.

Farsul considera Plano Safra adequado ao atual período

Farsul considera Plano Safra adequado ao atual período

Seguro Rural e taxa de juros são os destaques para a entidade

Ampliação do seguro rural e redução da taxa de juros são os pontos destacados pela Farsul no Plano Safra 2020/2021 anunciado nesta semana pelo Governo Federal. Para a Federação, ainda que os números não sejam aqueles reivindicados na proposta encaminhada pela CNA ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), eles são os possíveis dentro do atual cenário econômica brasileiro e mundial resultante da pandemia do Covid-19.
O aumento de 30% no seguro rural é comemorado por ser considerado a principal política agrícola pela Farsul, em consonância com a CNA. Como explica o economista-chefe da Federação, Antônio da Luz, “Nós privilegiamos o seguro rural porque acreditamos que crédito não gera seguro, mas seguro gera crédito. Um produtor bem assegurado consegue alavancar crédito. E não apenas nos bancos, mas também em outras operações de crédito que serão cada vez mais comuns”, explica.
O economista usa a situação vivida neste primeiro semestre para ilustrar. “Estamos vivendo um ano com uma estiagem terrível e a diferença entre os produtores que tinham seguro e aqueles que não tinham é enorme. A diferença entre grau de endividamento e comprometimento de fluxo de caixa futuros entre segurados ou não é diferente. Não há dúvida de que temos muito a evoluir nos produtos de seguro, que há muito caminho pela frente para termos um produto que realmente atenda”, comenta.
Como comparação, Luz usa os EUA que gastam em torno de US$ 12 bi ao ano com subsídio ao seguro. “Isso dá mais que R$ 60 bi. Para se ter uma ideia, esse é o valor total gasto pela agricultura brasileira em quatro anos. Incluindo todos os custos do Ministério e estatais”, afirma. Ele lembra que há três anos o valor destinado ao seguro era de R$ 200 mi. No plano atual era R$ 1 bi e para o próximo são R$ 1,3 bi. “Um aumento de 30%. Sob esse ponto de vista, o Plano Safra acertou muito na principal política. Ele tirou dinheiro de banco e botou no seguro. E quanto melhor segurado um produtor estiver, mais baixo serão os juros para ele. Isso já está acontecendo e acontecerá cada vez mais”, avalia.
Sobre a taxa de juros de 6% para os produtores que não se enquadram no Pronaf ou nas categorias de pequenos e médios, o entendimento é que a pandemia acabou por transformar o cenário econômico, não viabilizando o pleito da CNA que era de 3%. “Lá em março, na Expodireto, fizemos um workshop para discutir justamente as diretrizes que iriamos propor ao Governo Federal e saímos com o consenso de que os juros que trariam justiça à situação de mercado seria 3%. Só que de lá pra cá nós tivemos a maior pandemia dos últimos 103 anos que bagunçou completamente a economia brasileira. Tínhamos a expectativa de crescer 3% este ano agora é de queda do PIB entre 5% e 7%”, pondera Luz.
Ele ressalta que nesse quadro, juros mais baixos poderiam significar não liberação e recursos aos produtores. “Atualmente os governos aumentam liquidez, baixam as taxas de juros e os bancos empossam liquidez. E é o que acontece no Brasil. O Banco Central reduz a taxa Selic, compulsório, e os bancos, simplesmente, por aversão ao risco, não emprestam dinheiro”, descreve. E o mesmo aconteceria com taxas mais baixas no Plano Safra, “com os juros muito baixos os bancos não irão querer emprestar. Vai ficar lindo o anúncio, todos irão à êxtase e baterão palmas. Só que depois, na hora de pegar o dinheiro, não vai ter porque os bancos não vão emprestar”, aponta.
Mesmo assim, o economista destaca que houve uma redução de 25% nas taxas de juros, caindo de 8% do atual plano para 6% no próximo. “Poderiam ser menores? Poderiam, só que isso antes da pandemia, agora, com essa situação, eu prefiro mil vezes juros acima do que gostaríamos, mas que o produtor acesse do que um juro baixo que o produtor não consiga”, analisa. Luz reforça a importância do trabalho da ministra Tereza Cristina na construção do plano. “Acompanhamos tudo que aconteceu, todas as negociações. Sabemos do grande esforço que a ministra e sua equipe fizeram ao longo de todo o processo. Se chegou no melhor do que foi possível numa situação de extrema volatilidade e aversão ao risco que é o que estamos vivendo em meio a essa pandemia”, conclui.

Estudo mostra oportunidades para exportar carnes para a China

Estudo mostra oportunidades para exportar carnes para a China

Levantamento foi realizado pelo escritório internacional da CNA em Xangai

 

Os impactos causados pela Peste Suína Africana (PSA) à China, que resultaram desde o ano passado na redução brusca do seu rebanho e da produção de carne suína, podem criar oportunidades para o Brasil aumentar ainda mais as exportações de proteínas animais para o país asiático e expandir a participação do agronegócio naquele mercado.

A conclusão é do estudo “Como a Peste Suína Africana influenciou os hábitos de consumo na China”, elaborado pelo escritório internacional da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em Xangai, em parceria coma InvestSP. A publicação mostra que a PSA, aliada à crise da Covid-19, fará com que os chineses demandem mais carnes de outros países para suprir a oferta doméstica.

“Os impactos e consequências dessa crise sanitária devem se estender por um longo período, mas criam grandes oportunidades para empresas brasileiras exportadoras de todos os tipos de proteína de origem animal”, diz o documento. A China, apesar de ser o maior produtor e consumidor mundial de suínos, tem convivido com a redução significativa de oferta do produto e deve importar mais em 2020.

Segundo o estudo, com os reflexos da peste, a produção de carne suína da China em 2019 foi de 42,55 milhões de toneladas, uma queda de 21,3% em relação a 2018, quando a produção de carne suína foi de 54,04 milhões de toneladas. Já o consumo total do produto no ano passado caiu 19% na comparação com 2018. A estimativa neste ano é de que os chineses importem 2,8 milhões de toneladas.

Neste contexto, o governo chinês tomou algumas medidas para atender a demanda interna. Uma delas foi a substituição da carne suína pela carne de frango, a segunda mais consumida pelos chineses. A produção de aves em 2019 cresceu 12,3% em relação a 2018, totalizando 22,3 milhões de toneladas.

“Para ilustrar o tamanho desse crescimento, vale mencionar que de 2017 para 2018, a produção aviária doméstica cresceu apenas 0,6%”, ressalta o estudo, que apontou também uma alta de 55% no ano passado nas importações aviárias, um volume de 779 mil toneladas. A previsão para 2020 é de que a China importe 860 mil toneladas de carne de aves.

A segurança alimentar tornou-se prioridade dos chineses devido à Peste Suína Africana, o que reforça a maior necessidade de importações. Dados oficiais do governo daquele país compilados pelo escritório na China mostram que, no primeiro trimestre deste ano, as compras de carne suína e bovina foram de 951 mil e 513 mil toneladas, respectivamente, elevações de 170% e 65%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2019.

Neste contexto, aponta o estudo, os chineses buscam a diversificação de fornecedores de carnes de outros países. Em 2019, o país asiático aprovou a habilitação de 644 plantas frigoríficas no mundo para exportação para a China, com o Brasil representando 7% deste total. De janeiro a abril deste ano, 1.061 já foram aprovadas, sendo mais de 90% delas norte-americanas, devido ao acordo comercial entre os dois países.

Hidroponia reduz necessidade de utilização de defensivos agrícolas

Hidroponia reduz necessidade de utilização de defensivos agrícolas

Utilizada para o cultivo de vegetais sem a necessidade da utilização do solo, a hidroponia pode garantir benefícios importantes no volume e nos impactos ambientais da produção. A técnica, que funciona em ambiente controlado e com a utilização de soluções nutritivas artificiais e adaptadas para oferecer todos os minerais, água e nutrientes que a planta precisa para se desenvolver, reduz a necessidade de utilização de defensivos agrícolas e permite o plantio o ano inteiro.

“No cultivo convencional, o tempo de crescimento de uma planta depende de diversos fatores, como os nutrientes presentes no solo, uma conservação bem feita, a temperatura do ambiente e as técnicas de plantio adotadas em uma determinada região ou propriedade. Quem adota a hidroponia, consegue reduzir esse período de crescimento, porque oferece à planta uma alimentação balanceada, voltada para as características daquele vegetal”, explica a coordenadora de Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas –, Luana Torres.

O cultivo hidropônico é indicado para o plantio de culturas cujo ciclo é mais rápido. “São plantas pequenas e é possível cultivá-las em alta densidade. Numa pequena propriedade, você pode fazer uma produção em grande escala de alface, por exemplo. A situação é similar para o morango hidropônico, que tem receptividade muito boa no mercado. Utilizando o sistema NFT (Nutrient Film Technique), em que as raízes das plantas crescem numa canaleta com a solução de água e nutrientes, é possível produzir sem o risco de contaminação por fungos e fazer irrigação com uso de fertilizantes apenas quando necessário”, observa Luana.

O ambiente controlado da hidroponia é o que permite o plantio o ano inteiro. “Sabemos que a agricultura está atrelada às condições climáticas, então, quando acontece um período de chuva, a produção pode ser colocada em risco. Da mesma forma, os períodos de seca podem atrapalhar o desenvolvimento vegetal. Se o produtor provém um ambiente controlado, na estufa, e com solução de nutrientes específica para aquele vegetal, consegue manter o plantio sem interrupções, tranquilamente”, garante a coordenadora de ATeG do Senar Alagoas.

A técnica também é sustentável por conta do consumo controlado de água. “No plantio convencional, a água evapora ou escorre superficialmente e leva embora os nutrientes do solo, o que chamamos de lixiviação. Com a hidroponia, o produtor trabalha num sistema fechado e reduz essas perdas”, explica Torres.

Desvantagens
A hidroponia também traz algumas desvantagens que precisam ser analisadas antes da sua implementação. Os custos para a construção da estufa e, se necessário, de um sistema de fertirrigação são elevados. “Alguns produtores tentam economizar, utilizam materiais não adequados e acabam sem criar um ambiente propício para este tipo de cultura, o que prejudica o cultivo”, diz Luana.

A mão de obra também precisa ser especializada, com profissionais capacitados para, por exemplo, monitorar indicadores como o PH e a condutividade da solução nutritiva. Além disso, em alguns casos, a hidroponia ainda não consegue oferecer preços competitivos no mercado. “Cabe ao produtor, nas feiras locais ou na hora de vender para um supermercado, mostrar porque aquele produto dele vale tanto a pena”, diz Luana Torres.

Fonte: https://www.cnabrasil.org.br/