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CNA e governos estaduais debatem regularização fundiária rural

CNA e governos estaduais debatem regularização fundiária rural

Os avanços e os desafios da regularização fundiária rural nos estados foi tema da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na quinta (28), em Brasília. O encontro teve a presença do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo de Melo Filho, e de representantes de institutos de terras estaduais.

“Tivemos um debate muito produtivo. Tratamos da questão indígena, aquisição de terras por empresas nacionais com capital estrangeiro, ouvimos o presidente do Incra e também nove institutos estaduais que trabalham com essa questão da regularização fundiária que é uma prioridade para nós”, afirmou o presidente da comissão, Paulo Ricardo Dias.

“Nós entendemos que a regularização fundiária vai trazer desenvolvimento econômico para essas regiões, diminuir a tensão no campo e ajuda muito fortemente a questão da preservação ambiental”, ressaltou.

Geraldo de Melo falou sobre o trabalho do Incra e disse que seu desafio é destravar o órgão para poder cumprir a meta geral de regularização fundiária no País: 110 mil posses com georreferenciamento e 160 mil posses sem o mapeamento.

“Existe um desafio enorme que envolve o Incra, o governo e os estados também. O Incra não consegue fazer isso sozinho, precisamos de quem está na ponta. A nossa posição não será contrária a resolver o problema”.

Os órgãos estaduais apresentaram a situação da regularização fundiária local. A Paraíba tem um programa que já beneficiou 21 municípios e a meta para este ano é titular 11 mil hectares no estado.

“Fazemos 100% do município. Esse é um trabalho muito importante porque não adianta você fazer a posse de quem nunca teve propriedade e deixar quem tinha o domínio não ter”, explicou Nilvado Magalhães, diretor-presidente da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer).

Magalhães reforçou a importância do debate e da parceria com os sindicatos rurais. “Sem os sindicatos rurais não existe regularização fundiária. E a CNA está de parabéns por esse trabalho brilhante. Espero que envolva ainda mais o Incra e os estados nessa discussão.”

No Pará, o presidente do Instituto de Terras, Bruno Kono, afirmou que está investindo na reestruturação do órgão para desenvolver uma agenda técnica com a modernização dos sistemas e a capacitação da equipe técnica.

“O Pará tem interesse de fazer a regularização fundiária justamente para entregar esse serviço público para quem de fato precisa que é o produtor rural. Eles precisam desse produto, desse reconhecimento do domínio para desenvolver suas atividades.”

Fonte: CNA / Por Notícias Agrícolas
Milho: Na espera de relatório do USDA, Bolsa de Chicago abre o dia com leves altas

Milho: Na espera de relatório do USDA, Bolsa de Chicago abre o dia com leves altas

Analistas esperam redução na produção e produtividade americana

A quinta-feira (12) começa com leves altas para os preços internacionais do milho futuro na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais cotações registravam valorizações entre 1,00 e 1,50 pontos por volta das 09h08 (horário de Brasília).

O vencimento setembro/19 era cotado à US$ 3,49 com alta de 1,50 pontos, o dezembro/19 valia US$ 3,61 com ganho de 1,25, o março/20 era negociado por US$ 3,73 com valorização de 1,50 pontos e o maio/20 tinha valor de US$ 3,82 com elevação de 1,00 ponto.

Segundo informações da Successful Farming, os futuros do milho foram mais altos nas negociações do dia para a noite, antes do relatório de Estimativas da Demanda e Oferta Agrícola Mundial (WASDE).

Analistas consultados pela Agência Reuters disseram esperar que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) calcule a produção de milho em 13,672 bilhões de bushels, com rendimento de 167,2 bushels por acre.

“Isso é menor do que as perspectivas do governo de agosto em 13,901 bilhões de bushels, com um rendimento de 169,5 bushels por acre”, comenta o analista Tony Dreibus.

Por: Guilherme Dorigatti / Fonte: Notícias Agrícolas
Agricultura familiar supera em 51,19% as vendas no primeiro dia de Expointer, em Esteio

Agricultura familiar supera em 51,19% as vendas no primeiro dia de Expointer, em Esteio

Com maior participação na história da Expointer, produtores rurais esperam superar o aumento de 40% no total, registrado no ano passado. Nesta semana, concurso escolherá os melhores dos produtos feitos nos campos do RS.

25/08/2019 20h44 Atualizado há uma hora

Produtora Aracema Heldt, de Santo Antônio da Patrulha, comemorou os bons resultados nas vendas durante o primeiro dia de Expointer — Foto: Fernando Dias/Seapdr Produtora Aracema Heldt, de Santo Antônio da Patrulha, comemorou os bons resultados nas vendas durante o primeiro dia de Expointer

O primeiro dia de Expointer, que foi no sábado (24), registrou um aumento de 51,19% nas vendas do Pavilhão da Agricultura Familiar em relação ao mesmo período do ano passado. Os produtos são os destaques desta edição do evento em Esteio, Região Metropolitana de Porto Alegre.

Em 2018, os produtores obtiveram um crescimento de 40,3% em relação ao ano anterior, alcançando a marca de R$ 4 milhões em negócios. O artesanato também teve aumento nos negócios: foram 30.930 peças vendidas, R$ 1.277.968,48 de lucros, 16,17% em comparação ao ano anterior.

É o ano de maior participação da produção realizada nos campos do Rio Grande do Sul, com 316 espaços de comercialização. São 312 produtores do RS, dez de Minas Gerais, quatro do Rio de Janeiro e um do Amapá.

Aracema Heldt, de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte do RS, é uma das produtoras que está animada com o bom início de vendas. Proprietária de uma marca de rapaduras, doces e melados, ela participa pela oitava vez da feira.

“O movimento está melhor do que no ano passado, vendi mais, não esperava vender tanto quanto estou vendendo agora. Vamos ter que voltar para fazer mais doce”, comemora.

Mais do que as vendas, o pavilhão proporciona visibilidade e novos clientes para a produtora. “Estou vendendo melado para uma padaria que conhecemos aqui numa edição passada da Expointer. Comercializamos de 300 a 400 quilos de melado todo mês”, conta.

Melhores produtos
Os melhores produtos da agricultura familiar serão escolhidos nesta semana, no Concurso de Produtos da Agroindústria Familiar. Serão avaliadas as melhores ofertas nas categorias suco de uva integral, vinho tinto de mesa seco, vinho tinto fino seco, salame, queijo colonial, cachaça prata, cachaça envelhecida (classificação premium e extra premium) e mel.

Confira a programação do concurso

Segunda-feira (26)

9h: avaliação do vinhos tinto de mesa seco e tinto fino seco, além do suco de uva integral
14h: queijo colonial
16h: mel
Terça-feira (27)

9h: avaliação do salame
14h: cachaça prata e envelhecida (premium e extra-premium)
A premiação ocorre na quinta-feira (29)

Por G1 RS / Foto: Fernando Dias/Seapdr

Incorporação de pastagens adicionará 10,3 milhões de hectares à área plantada nos próximos dez anos

Incorporação de pastagens adicionará 10,3 milhões de hectares à área plantada nos próximos dez anos

De acordo com projeção do Ministério da Agricultura, área total plantada com lavouras passará de 75,4 milhões de hectares para 85,68 milhões até 2028/29

O estudo Projeções do Agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29 prevê que a área total plantada com lavouras no país passará de 75,4 milhões de hectares para 85,68 milhões, um acréscimo de 10,3 milhões de hectares em dez anos. A expansão se dará, principalmente, sobre pastagens naturais e áreas degradadas. O grupo reúne os cultivos de algodão, arroz, feijão, milho, soja (grão), trigo, café, mandioca, batata inglesa, laranja, fumo, cana-de-açúcar, cacau, mandioca, uva, maçã, banana, manga, melão e mamão.

Produzido pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o estudo traz as perspectivas para produção, consumo, exportação, importação e área plantada no Brasil.

De acordo com o levantamento, a área cultivada de grãos (algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale) saltará de 62,9 milhões de hectares para 72,4 milhões de hectares, o que corresponde a um acréscimo anual de 1,4%, ou 15,3% no período de 10 anos.

Na próxima década, o Brasil vai produzir 300 milhões de toneladas de grãos, ou seja, mais 62,8 milhões de toneladas (27%). O crescimento será principalmente com o aumento da produtividade das culturas.

Crescimento e retração

As projeções apontam para o crescimento das seguintes lavouras: soja (+ 9,54 milhões de hectares), milho segunda safra (+ 4 milhões de hectares) e cana-de-açúcar (+ 1,64 milhão de hectares). Haverá retração nas lavouras de arroz (-1 milhão de hectares), laranja (-100 mil hectares) e mandioca (-180 mil de hectares).

Conforme o estudo, as lavouras que irão perder área, como mandioca, café, arroz, laranja e feijão, serão compensadas por ganhos de produtividade. A expansão de soja e cana-de-açúcar ocorrerá “pela incorporação de áreas novas, áreas de pastagens naturais e também pela substituição de outras lavouras que deverão ceder área. A área de milho deve expandir-se sobre áreas liberadas pela soja, no sistema de plantio direto”.

“Algumas incertezas são inerentes às características da agricultura e outras, como tensões nas relações comerciais e doenças, que podem afetar as lavouras e as criações, e eventos climáticos extremos, como chuvas, geadas e secas”, explica José Garcia Gasques, coordenador-geral de Avaliação de Políticas e Informação do ministério e um dos pesquisadores.

Entre as regiões do país, o Centro-Oeste terá a maior ampliação da área plantada no período, com crescimento de 26,5 milhões de hectares para 34 milhões de hectares, alta de 28,5%. No Sul, o incremento será de 8%, de 19,5 milhões de hectares para 21 milhões de hectares. No Norte, o crescimento será de 19%, de 3 milhões de hectares para 3,6 milhões de hectares.

A região denominada Matopiba (formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e pela Bahia) “deverá apresentar aumento elevado da produção de grãos assim como sua área deve apresentar também aumento expressivo. As projeções indicam que essa região deverá produzir cerca de 28,7 milhões de toneladas de grãos em 2028/29 numa área plantada de grãos de 8,8 milhões de hectares ao final do período das projeções”, aponta o estudo.

Por DATAGRO / Link: Uagro

Soja: Atraso das lavouras nos EUA, câmbio e frete travam vendas da safra nova do BR

Soja: Atraso das lavouras nos EUA, câmbio e frete travam vendas da safra nova do BR

Se nos Estados Unidos o atraso do desenvolvimento das lavouras preocupa, no Brasil o que chama a atenção é o atraso dos negócios da nova safra, que se mostram mais lentos do que a média dos últimos anos. Uma combinação de fatores que ainda são muito incertos mantém os sojicultores ausentes do mercado neste momento e aguardando por oportunidades que possam trazer, principalmente, melhor renda.

Nas últimas semanas, a volatilidade na Bolsa de Chicago e mais um recuo expressivo do dólar acabaram por resultar em um novo quadro de pressão sobre o mercado brasileiro, principalmente no preço futuro da soja. Depois de superar os R$ 4,00 há alguns meses, a moeda norte-americana voltou à casa dos R$ 3,70, refletindo a evolução da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.

Ao mesmo tempo, a volatilidade na Bolsa de Chicago também sobre as referências, com o mercado se ajustando, quase que diariamente, a todos os cenários atípicos que este ano vêm sendo observados na safra norte-americana. As condições das lavouras são bastante ruins, o desenvolvimento atrasado pode levá-las a um período onde as condições de clima não são favoráveis às plantas e os mapas climáticos trazer uma novidade a cada atualização.

No Brasil, as mudanças no Plano Safra, a restrição no volume de crédito e um ano que também traz uma série de mudanças no quadro político e econômico contribuem para esse avanço mais contido das vendas antecipadas. Como explicou o diretor do Sindicato Rural de Cascavel/PR, Modesto Félix Daga, não faltou verba para o custeio da safra, mas a aprovação dos recursos se mostrou mais lenta este ano.

Os custos de produção mais altos também são mais um componente deste quadro. Ainda segundo Daga, os fertilizantes estão bem mais caros este ano, principalmente aqueles à base potássio, bem como os fungicidas. O óleo de diesel é mais um ponto de atenção e de encarecimento dos custos da nova temporada.

A logística é mais uma preocupação. Com o tabelamento ainda vigorando, a incerteza do valor dos fretes segue incerto e isso mantém os negócios lentos e pontuais. “Essa tabelamento é o produtor quem vai paga, o valor pode encarecer e é por isso também que o produtor está inseguro em relação ao preço futuro. E isso mantém a fixação da nova safra ainda bem fraca”, diz o diretor do Sindicato Rural.

Para José Eduardo Sismeiro, diretor da Aprosoja Brasil, o cenário para este início de nova safra é “bastante desanimador” neste momento. Segundo ele, os custos maiores agora diante de um dólar mais baixo – que provoca uma baixa nos preços de venda – vai prejudicar muitos produtores.

Assim, Sismeiro alerta para a necessidade que o sojicultor terá de garantir uma boa produtividade este ano para poder compensar seus gastos e investimentos. “Será preciso muita soja para pagar os custos. Para o arrendatário, isso preocupa ainda mais. Sem falarmos de custos totais, serão ao menos 45 sacas por hectare (ao referir-se sobre sua região em Goioerê, no Paraná) somente de custo”, diz.

O diretor da Aprosoja BR não destaca somente a alta dos insumos, mas também a alta carga tributária e o incremento nos custos de maquinários. E afirma, “estão todos com os mesmos problemas, as mesmas preocupações. Antigamente, se colhia menos, mas se vendia melhor. Hoje colhemos mais, mas a dificuldade de se vender bem é maior”.

Complementando, Sismeiro fala ainda que os juros mais altos do Plano Safra são outro ponto de atenção e preocupação, uma vez que essa ‘dificuldade’ acaba por reduzir a competitividade do produtor brasileiro. Concluindo, lembra ainda dos gargalos que o mecanismo nacional de seguro agrícola ainda enfrente, ao mesmo tempo em que produtores americanos recebem subsídios do governo e podem, ao menos, garantir o mínimo de sua renda.

Sobre a demanda, o país permanece como principal fornecedor do maior comprador mundial da oleaginosa e com boas perspectivas na exportação. Apesar disso, o produtor sabe que o conflito comercial entre China e Estados Unidos, que trouxe quase toda a demanda da nação asiática para o Brasil, mantém uma pressão significativa sobre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago.

Para o diretor do Sindicato Rural de Sorriso/MT, Luimar Gemi, mais uma preocupação: o clima para a próxima safra. “Quando será o início das chuvas? Conseguiremos fazer o plantio dentro da janela ideal. Os produtores se perguntam isso também neste momento”, diz ele. No maior estado produtor de soja do Brasil, ainda segundo Gemi, as preocupações são as mesmas, bem como as dúvidas e incertezas, e “com isso, temos um dos menores volumes de venda futura fixado dos últimos anos”.

“Os níveis estão bem abaixo do que os produtores estão pedindo, os preços ainda não são satisfaórios. E os produtores também estão preocupados com o câmbio e com os prêmios. Precisamos de boa produtividade e, para se ter boa produtividade é preciso investir na lavoura, além do básico. Mas o que se vê este ano é o produtor fazendo o básico, e isso vai trazer uma produtividade limitada”, relata o diretor.

Ao Notícias Agrícolas, quatro analistas de mercado relacionaram todos estes fatores ao ritmo em que as vendas da nova safra avançam e, assim, registram que momento é este para o produtor brasileiro.

Mário Mariano, Novo Rumo Corretora

Para Mário Mariano, analista de mercado da Novo Rumo Corretora, o atraso das vendas nesse momento se dá, principalmente, pela falta de lucratividade do sojicultor no Brasil. “O produtor hoje tem um custo elevado para a nova safra e um retorno absolutamente ridículo. A questão maior que envolve o rendimento de lucro do produtor é o preço que as indústrias e os exportadores recomendam devido, principalmente, ao elevado custo do transporte, que beiram o ridículo as tabelas que o governo criou no ano passado e que manterá pelos próximos dois anos”, diz.

Ademais, no mercado internacional, Mariano destaca os estoques de passagem nos EUA – que já são conhecidos – “o governo americano coloca dinheiro do Tesouro no bolso do produtor para que ele tenha uma renda extra devido ao desfavorecimento comercial em função do conflito com a China”.

Ênio Fernandes, Terra Agronegócios

“Esses movimentos muito intensos (na CBOT) são de insegurança no mercado. Até o dia 12 (quando o USDA traz seus novos dados de área) será essa extrema insegurança, assim, até lá as vendas aqui no Brasil vão ser lentas”, acredita o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. Depois desse dia, dependendo do que trouxer o relatório, as estratégias serão refeitas e os negócios podem ou não assumir um novo ritmo.

Mais do que as vendas lentas, Fernandes afirma ainda que as compras também estão lentas. “Quem compra também está inseguro sobre o que vai acontecer, o que o USDA vai colocar no relatório. E a China deu uma parada de comprar aqui no Brasil, está comprando apenas pontualmente aqui e nos EUA, estamos com as exportações muito boas de milho. Mas a China não está posicionando até o final do ano, está posicionada só até agosto, então ela vai ter que comprar (às compras) e isso pode fazer o mercado se movimentar. E ela vai segurando porque não sabe o que o USDA vai tarzer”, completa.

Marcos Araújo, Agrinvest Commodities

Em uma conta rápida, o analista de mercado Marcos Araújo mostra que os preços futuros da soja no Brasil perderam cerca de R$ 4,00 por saca nos últimos dias no interior do país. De 31 de maio até agora, foi registrada uma alta de cerca de US$ 0,04 por bushel, porém, a taxa de câmbio futuro perdeu praticamente R$ 0,21.

“É por isso que o produtor está muito ausente da venda futura. Nesse momento, muitos produtores estão concentrados na conclusão da colheita do milho safrinha e, com a taxa de câmbio não ajudando, o mercado e as tradings, em contrapartida, se resguardando, fazendo um desconto do frete logístico para o ano que vem em função da continuidade do tabelamento, resumindo, taxa de câmbio e frete travam a comercialização neste momento”, explica.

Mais do que isso, Araújo traz a demanda e a necessidade dos chineses de se abastecerem de soja como o fiel da balança. “A China precisa comprar 60% da sua demanda para o mês de setembro e, entre o período de outubro a janeiro, está comprada apenas 10% de sua demanda. Em algum momento, ela terá que voltar para comprar isso”, diz.

Assim, sua recomendação para o produtor brasileiro é “de que ele venda Chicago e deixe em aberto prêmio e o dólar futuro”, conclui.

Vlamir Brandalizze, Brandalizze Consulting

Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o atraso do desenvolvimentoo da safra dos Estados Unidos é mais um fator de atraso nas vendas da nova safra do Brasil. “O produtor está na expectativa de ver o desenrolar da safra, em todas as regiões (do Brasil) é quase unânime a opinião dos produtores de que parte das lavouras (nos EUA) que vai sofrer com o inverno”, diz,

Além disso, Brandalizze afirma ainda que, estando mais capitalizados, os produtores brasileiros não se preocupa em vender neste momento. E vendo essa calmaria no dólar, pode comprar parte de seus insumos ainda mais barato. “É por isso que o ritmo dos negócios é lento e vai continuar lento até que haja uma evolução de preços, porque já venderam no porto a R$ 85,00/R$ 86,00 e entre R$ 79,00 e R$ 80,00 não há quem queira vender. As opções de venda de que se comenta é de R$ 85,00 em diante”, completa o consultor.

Por: Carla Mendes | Fonte: Notícias Agrícolas

Brasil começa novo ano-safra com produtores preocupados com o dólar

Brasil começa novo ano-safra com produtores preocupados com o dólar

O ano-safra 2019/2020 começa nesta segunda-feira (1º) com os produtores rurais preocupados com o comportamento do dólar durante a temporada. A moeda americana é ferramenta fundamental para o setor: ela define se o agricultor terá lucro ou não ao final do ciclo.

Segundo analistas e produtores ouvidos pelo G1, com o dólar alto frente ao real, o preço pago pelo cultivo, que é referenciado pela moeda estrangeira, está em baixa. E o custo de produção, que também se baseia no dólar, está alto, deixando uma margem de lucro apertada ou, em alguns casos, até mesmo prejuízo para os empresários do campo.

Outro ponto de atenção a partir de agora é o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciado na sexta-feira (28). O agronegócio foi um dos setores beneficiados com a negociação, mas ainda não há definição sobre quando o pacto começa a valer e o tamanho do impacto.

Agronegócio é uma das alavancas do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — Foto: Rodrigo Sanches/G1Agronegócio é uma das alavancas do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Agronegócio é uma das alavancas do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Apesar de a “virada” de ano-safra acontecer agora, isso não significa que toda a produção agrícola do país começa no meio do ano (leia mais ao fim da reportagem).

Este período é marcado pelo planejamento das culturas de verão, como soja e milho, que estão entre as maiores do país, e pelo início da negociação de outras, como café, algodão e cana-de-açúcar. Nesta fase, os agricultores criam expectativas, projetam o quanto vão investir na produção e o retorno esperado.

A partir desta segunda, eles podem acessar o crédito rural subsidiado pelo governo federal nos bancos. O recurso, anunciado no lançamento do Plano Safra, há duas semanas, serve para ajudar a pagar os investimentos na temporada.

O valor disponível para financiamentos é de R$ 222 bilhões, mesmo número do último ciclo.

Competitividade em xeque

A temporada 2018/19 deve ter a maior safra de grãos da história(328,9 milhões de toneladas). A que começa agora tem como desafio elevar este patamar e continuar sendo uma das alavancas do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Mas o dólar tem sido mais um problema do que uma solução para o setor.

Dependentes da moeda americana para comprar os principais insumos para a produção, como fertilizantes, os agricultores enfrentam a diferença entre a moeda americana e o real como um problema de competitividade com o maior concorrente no mercado mundial: os Estados Unidos.

Com desvantagem no câmbio, o setor reclama que o preço que os agricultores estão recebendo pelos produtos estão em queda no mercado internacional, que também é remunerado em dólar.

“O produtor tem um custo alto e tem dificuldades para ser competitivo. Não sabemos quanto vai ser o dólar [no início da safra] e isso interfere no custo. Porque não sabemos depois, na [hora de vender a] safra, se o dólar vai estar baixo”, explica Bartolomeu Braz, presidente da associação dos produtores de soja (Aprosoja).

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, o dólar tende a ser mais previsível do que em outras safras, mas ainda em um patamar elevado.

A previsão dele é de que a moeda americana termine o ano valendo por volta de R$ 4,05 e que tenha um valor parecido no primeiro semestre de 2020.

Já o relatório “Focus” do Banco Central, pesquisa que reúne economistas de diversas instituições financeiras, estima a moeda americana em R$ 3,80 tanto em 2019 como no próximo ano.

O diretor de commodities da consultoria INTL FCStone, Glauco Monte, no entanto, acredita que, mesmo com o dólar alto para a compra de insumos, a recuperação dos preços no mercado internacional junto com a moeda americana valorizada pode oferecer mais renda aos agricultores.

“No geral, eu vejo uma safra 2019/20 melhor que quando projetamos a 2018/19. Temos o câmbio em um patamar relativamente alto, o que é uma vantagem. Existem os custos, mas, no geral, o cenário é bem positivo, de recuperação de preços para as principais culturas”, afirma.

Alternativas para não ficar ‘no vermelho’

Sem a certeza de que o investimento vai ter retorno, o cenário é de cautela entre as principais culturas (veja as perspectiva dos produtores). No caso da soja, principal produto de exportação do Brasil, os agricultores estão com pouco recurso para investir.

Segundo a Aprosoja, eles estão optando pela troca da produção da futura safra por insumos (conhecida como “barter”) em vez de ir atrás de financiamentos bancários.

Produtores de café buscam alternativas para se protegerem de preços baixos — Foto: Reprodução/EPTVProdutores de café buscam alternativas para se protegerem de preços baixos — Foto: Reprodução/EPTV

Produtores de café buscam alternativas para se protegerem de preços baixos — Foto: Reprodução/EPTV

No segmento do café, após a colheita recorde em 2018 e, consequentemente, os preços baixos no mercado, os produtores vão usar os recursos do Plano Safra para ajudar a retirar do mercado cerca de 10 milhões de sacas de 60 kg por meio de uma penhora, chamada de “ordenamento da oferta”.

Eles deixam o café em estoques de cooperativas cadastradas no programa e recebem o valor de mercado no momento da entrega. Se os preços subirem, o agricultor tem a opção de devolver o dinheiro, retirar o produto e vender normalmente no mercado.

Essa medida, segundo o Conselho Nacional do Café (CNC), ajuda a equilibrar os preços.

Produtores de milho terão de usar mais linhas de financiamento na safra 2019/20 — Foto: Reprodução/TV Grande RioProdutores de milho terão de usar mais linhas de financiamento na safra 2019/20 — Foto: Reprodução/TV Grande Rio

Produtores de milho terão de usar mais linhas de financiamento na safra 2019/20 — Foto: Reprodução/TV Grande Rio

Já os produtores de milho estão com dificuldades para financiar a produção e vão precisar utilizar mais as linhas de financiamento do que em outros anos.

A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) aponta que, em 2017, cerca de 40% dos agricultores tinham capital próprio para iniciar a safra. Nesta temporada, apenas são 19%.

No setor do algodão, a possibilidade de o produtor dar apenas uma parte da propriedade como garantia bancária para financiamentos, novidade deste Plano Safra, juntamente com a possibilidade de captar recursos em dólar, podem estimular mais investimentos nas propriedades, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Nova safra, velhos problemas

O ciclo agrícola é novo, mas problemas antigos ainda incomodam as principais cadeias produtivas do agronegócio. Lideram as reclamações as condições das estradas brasileiras, especialmente no Centro-Oeste.

Outro entrave apontado pelos setores é o tabelamento do frete rodoviário.

“A infraestrutura logística impacta diretamente [no agronegócio], precisamos de ferrovias, hidrovias, precisamos construir mais modais porque temos uma logística problemática. Outro problema é o tabelamento do frete, que está tirando a competitividade do produtor”, critica Braz, da Aprosoja.

A reclamação do setor do milho é a burocracia para acessar o crédito rural subsidiado pelo governo que, segundo os produtores, continua ano após ano.

“O crédito [do Plano Safra] está barato, mas demora para chegar porque o produtor demora um mês, às vezes até mais, para conseguir acessar o crédito, deviam ter lançado [o plano] bem antes [de 1º de julho]”, afirma Glauber Silveira, vice-presidente da Abramilho.

Por que o ano-safra começa em julho?

O dia 1º de julho foi escolhido para o início do ano-safra em 1990, quando foi lançado o primeiro Plano Safra, chamado à época de “Diretrizes do Governo para Modernizar a Agricultura”. O nome atual foi oficializado em 1992.

O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Benedito Rosa explica que o governo escolheu essa data porque quase toda a produção agrícola do país estava concentrada no segundo semestre.

“Era uma forma de o governo garantir apoio financeiro para quem estava iniciando a safra e, depois, ajudava com recursos para a comercialização da produção [no primeiro semestre]”, conta.

Ele acredita que o calendário implementado na década de 1990 não está atualizado com a produção rural brasileira dos anos 2010.

“Antigamente, isso fazia sentido, mas agora temos produção o ano todo: uma, duas, três safras… acredito que esse calendário já não faça mais sentido”, diz Rosa.

Por Rikardy Tooge, G1 — São Paulo / Foto: Celso Junior/Estadão Conteúdo

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