A tendência é que no médio e longo prazo se acentue, nas organizações que atuam coma atividade agropecuária de larga escala, a separação entre o dono da terra e o operador responsável direto pela produção. O prognóstico foi apresentado por Fernando Jank, consultor independente, com experiência no segmento de corporações agrícolas, durante seminário no Pensa, Centro de Conhecimento em Agronegócio da Fundação do Instituto de Administração (FIA), da USP, realizado nesta quinta-feira (17). Jank já foi, por exemplo, diretor geral da Tiba Agro, empresa brasileira atuante na captação de recursos estrangeiros para compra de terras.
Em seu raciocínio, Jank expôs como argumento o fato de que a queda de retorno da remuneração sobre o capital investido na operação agrícola fará com que investidores desejem ficar somente com o controle e lucro advindo da valorização da terra, sem se envolver financeiramente com a parte da produção. “É o que já acontece com as operações de arrendamento, mas de modo mais intensivo e volumoso daqui para frente”, assinalou.
De acordo com Jank, este cenário, que separa o dono da terra de quem toca a produção, já é uma realidade muito mais forte nos Estados Unidos do que aqui no Brasil. Segundo ele, é um modelo de estrutura de propriedade do capital e de coordenação das transações, com significativa presença de fundos de pensão e/ou imobiliários como investidores em terras, mas sem relação com a produção agrícola e seus respectivos resultados.
Na avaliação de Jank, este formato de negócios pode atrair o ingresso de capital estrangeiro no agronegócio brasileiro, já que separará responsabilidades e resultados ligados apenas à posse da terra do desempenho do negócio atrelado à produção. Todavia, o investimento estrangeiro em terras agrícolas carece de um marco-regulatório definitivo, que foi adiado para 2017. Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que o legislativo tem outras prioridades, e que por isso não vai colocar em votação, ainda, neste ano o Projeto de Lei que visa regulamentar a questão.
Fonte: http://www.uagro.com.br/editorias/agricultura/2016/11/18/tendencia-e-de-separacao-entre-dono-da-terra-e-operador-da-producao-agricola.html / DATAGRO